Muitos componentes da alimentação têm sido associados com o
processo de desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon
(intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago.
Alimentação de risco
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente
durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma
célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses
alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão
incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras,
molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas,
lingüiças, mortadelas, dentre outros.
Existem também os alimentos que contêm níveis significativos
de agentes cancerígenos. Por exemplo, os nitritos e nitratos usados para
conservar alguns tipos de alimentos, como picles, salsichas e outros embutidos
e alguns tipos de enlatados, se transformam em nitrosaminas no estômago. As
nitrosaminas, que têm ação carcinogênica potente, são responsáveis pelos altos
índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos
com estas características de forma abundante e freqüente. Já os defumados e
churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o
mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida.
Os alimentos preservados em sal, como carne-de-sol, charque
e peixes salgados, também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de
estômago em regiões onde é comum o consumo desses alimentos. Antes de comprar
alimentos, compare a quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos.
Cuidados ao preparar os alimentos
O tipo de preparo do alimento também influencia no risco de
câncer. Tente adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso
de temperos como azeite, alho, cebola e salsa. A Organização Mundial da Saúde
recomenda o consumo de até 5 g de sal ou 2 g de sódio por dia, ou seja, o
equivalente a uma tampa de caneta cheia. Ao fritar, grelhar ou preparar carnes
na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos que
aumentam o risco de câncer de estômago e coloretal. Por isso, métodos de
cozimento que usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como vapor,
fervura, pochê, ensopado, guisado, cozido ou assado.
Fibras x gordura
Estudos demonstram que uma alimentação pobre em fibras, com
altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (hambúrguer, batata frita,
bacon etc.), está relacionada a um maior risco para o desenvolvimento de câncer
de cólon e de reto, possivelmente porque, sem a ingestão de fibras, o ritmo
intestinal desacelera, favorecendo uma exposição mais demorada da mucosa aos
agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal. Em relação a cânceres
de mama e próstata, a ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no
sangue, aumentando o risco da doença.
Há vários estudos epidemiológicos que sugerem a associação de dieta rica em gordura, principalmente a saturada, com um maior risco de se desenvolver esses tipos de câncer em regiões desenvolvidas, principalmente em países do Ocidente, onde o consumo de alimentos ricos em gordura é alto. Já os cânceres de estômago e de esôfago ocorrem mais freqüentemente em alguns países do Oriente e em regiões pobres onde não há meios adequados de conservação dos alimentos (geladeira), o que torna comum o uso de picles, defumados e alimentos preservados em sal.
Atenção especial deve ser dada aos grãos e cereais. Se
armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser
contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, o qual produz a aflatoxina,
substância cancerígena. Essa toxina está relacionada ao desenvolvimento de
câncer de fígado.
Como prevenir-se
Algumas mudanças nos nossos hábitos alimentares podem nos
ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. A adoção de uma
alimentação saudável contribui não só para a prevenção do câncer, mas também de
doenças cardíacas, obesidade e outras enfermidades crônicas como diabetes.
Desde a infância até a idade adulta, o ganho de peso e
aumentos na circunferência da cintura devem ser evitados. O índice de massa
corporal (IMC) do adulto (20 a 60 anos) deve estar entre 18,5 e 24,9 kg/m2. O
IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso. Com IMC acima de 30 a pessoa é
considerada obesa. O IMC é calculado dividindo-se o peso (em kg) pela altura ao
quadrado.
Frutas, verduras, legumes e cereais integrais contêm
nutrientes, tais como vitaminas, fibras e outros compostos, que auxiliam as
defesas naturais do corpo a destruírem os carcinógenos antes que eles causem
sérios danos às células. Esses tipos de alimentos também podem bloquear ou
reverter os estágios iniciais do processo de carcinogênese e, portanto, devem
ser consumidos com freqüência.
Hoje já está estabelecido que uma alimentação rica nesses
alimentos ajuda a diminuir o risco de câncer de pulmão, cólon e reto, estômago,
boca, faringe e esôfago. Provavelmente, reduzem também o risco de câncer de
mama, bexiga, laringe e pâncreas, e possivelmente o de ovário, endométrio, colo
do útero, tireoide, fígado, próstata e rim.
As fibras, apesar de não serem digeridas pelo organismo,
ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato
de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso.
A tendência cada vez maior da ingestão de vitaminas em
comprimidos não substitui uma boa alimentação. Os nutrientes protetores só
funcionam quando consumidos através dos alimentos, o uso de vitaminas e outros
nutrientes isolados na forma de suplementos não é recomendável para prevenção
do câncer.
Vale a pena frisar que a alimentação saudável somente
funcionará como fator protetor, quando adotada constantemente, no decorrer da
vida. Neste aspecto devem ser valorizados e incentivados antigos hábitos
alimentares do brasileiro, como o uso do arroz com feijão.
Como se alimenta o brasileiro
No Brasil, observa-se que os tipos de câncer que se
relacionam aos hábitos alimentares estão entre as seis primeiras causas de
mortalidade por câncer. O perfil de consumo de alimentos que contêm fatores de
proteção está abaixo do recomendado em diversas regiões do país. De acordo com
uma pesquisa do Ministério da Saúde, que em 2010 entrevistou 54.367 pessoas, o
padrão alimentar no país mudou para pior.
Apesar de consumir mais frutas e verduras, o brasileiro continua a comer muita carne gordurosa (1 em cada 3 entrevistados) e tem optado por alimentos práticos, como comidas semiprontas, que são menos nutritivas. A ingestão de fibras também é baixa, onde se observa coincidentemente, uma significativa freqüência de câncer de cólon e reto. O feijão, alimento rico em ferro e fibras, que tradicionalmente fazia o famoso par com o arroz, perdeu espaço na mesa dos brasileiros. Para agravar o quadro, eles também tem se exercitado menos. Em 2006, 71,9% da população revelava comer o grão ao menos cinco vezes na semana. Em 2010, a média caiu para 65,8%. No estado do Rio, a média de consumo do feijão ainda é alta: 71,7%. A queda na média nacional pode ser atribuída às mudanças na dinâmica da família brasileira, que tem tido cada vez menos tempo de preparar comida em casa e o feijão tem preparo demorado. O consumo de gorduras é mais elevado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde ocorrem as maiores incidências de câncer de mama no país.
Outro dado negativo é que os refrigerantes e sucos artificiais - que têm alta concentração de açúcar - têm ganhado espaço na preferência dos brasileiros. Ao todo, 76% dos adultos bebem esses produtos pelo menos uma vez por semana e 27,9%, cinco vezes ou mais na semana. O consumo quase que diário aumentou 13,4% em um ano. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a popularidade dos refrigerantes é ainda maior: 42,1% tomam refrigerantes quase todos os dias. Apesar de o mercado oferecer cada vez mais versões com menos açúcar, como os diet e os light , somente 15% dos brasileiros optam por eles. Os jovens também preferem alimentos como hambúrguer, cachorro-quente, batata frita que incluem a maioria dos fatores de risco alimentares acima relacionados e que praticamente não apresentam nenhum fator protetor. Essa tendência se observa não só nos hábitos alimentares das classes sociais mais abastadas, mas também nas menos favorecidas. O consumo de alimentos ricos em fatores de proteção, tais como frutas, verduras, legumes e cereais, tem aumentado, mas ainda é baixo. Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, 30,4% da população com mais de 18 anos comem frutas e hortaliças cinco ou mais vezes na semana. Entre os entrevistados, 18,9% disseram consumir cinco porções diárias (cerca de 400 gramas) desses alimentos, mais do que o dobro do percentual registrado em 2006.
Não é por acaso o crescente número de casos de câncer em
todo o país, mesmo em pessoa jovens. Vale lembrar que o aparecimento do câncer
é multifatorial, ou seja, são diversos fatores que levam ao seu aparecimento,
mas não custa lembrar que há algumas décadas, quando a alimentação era mais
natural, não era tão comum tantos casos em pessoas tão jovens. Sempre devemos
fazer da alimentação um fonte também de comunhão e prazer, mas sem jamais
esquecer a saúde e os cuidados com o corpo. Alimentação inadequada não traz
nada de bom e determinados tipos de alimentos devem ser deixados para poucos momentos.
Aproveite a vida com mais saúde e sinta as mudanças em seu
corpo, com mais disposição e sensação de felicidade!
Cuide-se! ;-)
Beijo grande!
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